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Luizete Vicente da Silva

Jornalista e Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Também é roteirista e diretora do curta-metragem Os Cabelos de Yami financiado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (SECULT/Ce). Desenvolve pesquisas nas áreas de mídias sociais, políticas públicas e relações étnico-raciais.

Email: luizetevicentesilva@gmail.com

Telefone Público: (85) 98833-7326

Endereço: Rua Júlio Alcides, 320 , Maraponga, 60710-680, Fortaleza, CE

CEP: 60055-171

Logradouro: Avenida Visconde do Rio Branco

Número: 2371

Complemento: AP 206

Bairro: Joaquim Távora

Município: Fortaleza

Estado: CE

Descrição

Sou feminista, negra, comunicadora e pesquisadora. Tenho 34 anos e resido na cidade de Fortaleza – Ceará. Iniciei minha militância no movimento juvenil da Igreja, na qual fiz parte do “Grupo Ação Jovem”, que tinha o intuito de debater sobre juventude e Igreja, articulando pautas mais progressistas dentro do Cristianismo, em que a luta e a fé caminhassem juntas para a transformação social. Sempre tive o sonho de uma sociedade mais justa, solidária e democrática, na qual o ecumenismo pudesse trilhar espaços de fé e mudança. Foi um local de muito aprendizado e troca de saberes, no qual pude entender o significado da palavra fé para além do orar, uma fé de poder ajudar a combater as desigualdades. Esse foi o primeiro passo para encontrar outros jovens que refletiam sobre diversos temas.
Mas, continuava com inquietações que a igreja não discutia ou pouco falava como os temas referentes ao papel da mulher na sociedade, a condição do negro, a visibilidade da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT), entre outras pautas que me incomodava. Foi então que encontrei no Movimento Social outros jovens que falavam sobre isso. Participei do Curso de Liderança Juvenil (CLJ) do Instituto de Juventude Contemporânea – IJC e me identifiquei com pessoas, temas, pautas de grupos, entre outras coisas. A vontade de discutir sobre o racismo que fazia parte da minha, por meio das histórias do meu pai, homem negro, e sua família, majoritariamente composta por mulheres e homens, que sempre tiveram que enfrentar muitas dores sem compreender as causas desta falta de acessos, de relações afetivas sempre comprometidas e de sonhos de vida desfeitos. Tudo já me levava para esse tema seja pela família e depois que compreendi minha condição de mulher negra nesta sociedade.
Foi quando conheci o Grupo Juventude Negra Kalunga, em 2007, constituído de jovens negros e negras do Ceará. O grupo discutia sobre a condição do negro na sociedade, o seu papel na formação social do povo brasileiro e como esse ator se remodela para responder as discriminações e os preconceitos que vivencia. Foi neste momento de militância que decidimos como estratégia de militância disputar a Academia. Entrei para a Comunicação Social com habilitação em Jornalismo na Faculdade Estácio/FIC, fiz especialização em Gestão Estratégicas em Políticas Públicas pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) e mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Hoje estou estudante de Doutorado no Programa de Pós-Graduação em Comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), onde escrevo sobre as questões de gênero e raça com a pesquisa sobre as narrativas de mulheres negras na produção da comunicação do site Blogueiras Negras. Faço parte grupo de estudo Mídia, Política e Cultura e desenvolvo pesquisas nas áreas de mídias sociais, políticas públicas e relações étnico-raciais.
Além da academia também trilhei caminhos no espaço de trabalho e militância seja nos cargos de trabalho ou no desenvolvimento pessoal enquanto militante. Iniciei como educadora social no Instituto de Juventude Contemporânea (IJC) onde coordenei o Projeto Caravana das Crioulas que tinha como objetivo a formação de jovens negras para as relações de raça e gênero na cidade de Fortaleza. Fui correspondente do Correio Nagô no Ceará onde escrevia matérias para o site sobre as pautas referentes à população negra no Estado. Também trabalhei como coordenadora pedagógica do Projeto A Cor da Cultura que tem o intuito de formar professores da rede pública de ensino para a lei 10.639/03, educadora popular no Programa de Qualificação Popular em Educação Popular em Saúde e fiz parte da equipe pedagógica do projeto Participação Juvenil no Nordeste Brasileiro da Rede de Jovens do Nordeste (RJNE).
Trabalhei na ONG Fábrica de Imagens – ações educativas em Cidadania e Gênero que desenvolve projetos e eventos nas áreas de gênero e sexualidades. Também tive o prazer de trabalhar na produção de eventos que discutem direitos humanos, gênero, sexualidade e comunicação. Elaborei projetos na área de gênero e comunicação. Com êxito na aprovação de um curto que discute gênero e raça para crianças, o curta-metragem Os Cabelos de Yami onde fui roteirista e diretora deste projeto financiado pela Secretaria da Cultura do Estado do Ceará (SECULT/Ce). O curta é uma ficção que conta a história do primeiro dia de aula de uma menina negra na sua nova escola. Ela se depara com um grande desafio: a aceitação de seus cabelos crespos pelos colegas de classe. A partir desta parceria tenho realizado formações em escolas, Universidades e entidades para apresentar o curta e discutir sobre a temática.
Meu último trabalho foi como professora substituta da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). Sem esquecer a militância contínua com a participação no movimento negro, onde faço parte do Grupo Negro Kalunga que discute as pautas desta população, sempre com o recorte de raça e gênero. Também componho o grupo de lideranças negras do Kwetu - Programa de Equidade Racial no Nordeste Brasileiro que ajudava no desenvolvimento de lideranças e sou secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas do Estado do Ceará (SINDJORCE). Além das representações em conselhos de políticas públicas onde fui vice-presidente do Conselho Estadual de Juventude do Ceará (CONJUCE), titular no Conselho Municipal de Juventude e sou suplente no Conselho Estadual em Defesa dos Direitos Humanos do Estado do Ceará (CEDDH).
Gostaria de me candidatar ao edital por ter afinidade com a temática proposta pelo edital e acredito que tenho aptidão para desenvolver o livro infanto-juvenil que debata as questões de gênero e raça, por meio de uma abordagem transversal, ações intersetoriais com os temas e o espaço escolar para a criação de práticas enriquecedoras sobre o reconhecimento da diversidade étnico-racial e cultural que constitui o continente Africano e a sociedade brasileira. Tenho desenvolvido uma extensa atuação como liderança negra no Estado do Ceará, seja na militância nos movimentos sociais, sindicais e/ou na academia, nestes últimos anos sempre atuando com mais ênfase nas questões de gênero e raça e, com isso, na execução de projetos que efetivamente contribuam para a construção de estratégias que possibilitem o desenvolvimento integral da população negra. Isso ocorre porque entendo que é impossível pensar o desenvolvimento de qualquer sociedade sem pensar no desenvolvimento integral do povo negro que deve ter seus direitos garantidos.
O acesso dos direitos básicos da população negra e, em especial das crianças negras, é um grande obstáculo no Brasil. Percebemos isso quando vemos a falta das narrativas e história deste grupo historicamente excluídos e oprimidos aumentam os percentuais de desigualdade e mesmo vivam em um país onde mais da metade da população é formada por negros, com 54% como mostra a pesquisa do IBGE de 2014, a discussão sobre as relações raciais ainda é secundária ou invisibilizada. Com pouco ou quase sem acesso a políticas públicas específicas, as crianças negras tornam-se vítimas da violação de vários direitos. Os efeitos da discriminação na infância acumulam diversas sequelas que vão desde a negação da própria imagem, dificuldades de relacionamento e a queda do rendimento escolar. O papel que a escola desempenha para a construção da identidade de seus alunos e alunas é primordial e necessária para o seu desenvolvimento. O direito à Educação é uma garantia de todo individuo que deve ser afiançado em sua plenitude. Criando a igualdade de oportunidades entre todos os cidadãos, independente de sua cor, raça, crença, sexo e/ou orientação sexual.
A partir dessas inquietações nasce à vontade de escrever o livro “Ayo: a menina que criou o mundo”, produção infanto-juvenil, que pretende discutir sobre a realidade que diversas crianças negras testemunham em casa, na escola e na rua: preconceito de gênero, raça e religião de matriz africana, com a contação de lendas africanas dos orixás. Essa produção literária contará com o conto que faz parte da cultura iorubá, cuja influência é tão forte na nossa história afro-brasileira. Conto esse que será apresentado após o mergulho no trabalho de campo, na composição de material etnográfica, para o fortalecimento de uma escrita comprometida para com a escrevivência do povo negro. Construindo assim uma escrita de forma afetuosa e cuidadosa, para promover a troca de conhecimentos e o alento que de alguma forma estamos rompendo para com o racismo epistêmico.